Na vitoria ou na derrota – A passagem do bastão – Parte 02/08

Nós encerramos o primeiro capítulo desta serie mostrando um Guarani Gigante, talvez o maior clube de futebol do Brasil, não o maior time, mas sim, o maior Clube de futebol deste país que veio de uma conquista de Campeonato Brasileiro, uma semifinal de Taça Libertadores da América, uma conquista da Taça de Prata, que por mais que muita gente insista em dizer, não se tratava de Série B e sim de uma competição que dava ao campeão do primeiro turno a chance de disputar a Taça de Ouro daquela temporada, e por pouco não chegamos lá, perdemos esta posição para o Palmeiras em 1981, e com um ataque encantador, chegamos ao ponto que marcaria a história do Bugre em várias outras decisões de campeonatos, os erros de arbitragem em decisões que nos custaram muito caro, como naquela semifinal de 1982.

Mas a vida seguiu e o Guarani também seguiu sua caminhada. Vivemos três temporadas menos agitadas, mas sempre presentes às decisões em uma época que as competições eram disputadas em fases classificatórias e o Guarani era figurinha carimbada nelas, tanto no Paulista quanto no Brasileiro, foi assim em 1983, 1984 e 1985, este último alias, o ano em que o Guarani faria seu primeiro artilheiro no Brasileirão, o atacante Edmar.

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A receita era a mesma, jogadores revelados na base, atuando por pelo menos três temporadas e só então sendo negociados. A estrutura também melhorava dia a dia e o Brasil queria saber qual era o segredo do Guarani, aquele clube do interior que tanto incomodava os bajulados chamados grandes.

Simples, a usina de craques havia revelado Julio Cesar (foto), o único jogador a vestir a camisa da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo ainda como atleta Bugrino (1986) e ainda fermentava naqueles anos jogadores como Evair, João Paulo. A receita de buscar jogadores promissores seguia trazendo grandes atletas como Edmar, Tite, Marco Antonio Boiadeiro, Ricardo Rocha, só para citar alguns, pois eram tantos e tantos atletas que, se não eram revelados pelo Bugre, era no Bugre que se revelavam para o futebol e de lá solidificaram suas carreiras pelo Brasil e pelo mundo, e como sempre um jogador mais experiente, o goleiro Valdir Peres, titular na Copa do Mundo de 1982.

Administrativamente o panorama também se mantinha com a sequencia de gestores do mesmo grupo que trouxe Leonel Martins de Oliveira, Ricardo Chuffi, Campeão em 1978 e Roberto Tavares, campeão da Taça de Prata em 1981. Tudo funcionava bem, o parque social crescia, o quadro associativo crescia, a receita crescia e a tradição se multiplicava e claro, tudo isso trazia frutos dentro de campo.

A política existia sim, mas era interna, nossos problemas e desavenças eram tratadas da porta para dentro, nada saia dos muros do Brinco bradado por candidatos, ou grupos políticos.

E foi assim até 1985, na verdade o negócio começou em 1983 quando Leonel foi eleito novamente presidente, trazendo consigo Luiz Roberto Zini, empresário do setor de construção civil e filho do imprescindível, mas historicamente pouco conhecido, Anselmo Zini, o arrecadador. Era ele, o sempre ponderado Anselmo Zini quem fazia as opiniões serem acalmadas entre estes dois nomes que fariam e sempre farão parte da nossa história.

Sim, Leonel Martins foi eleito em 1983 e havia um acordo no grupo para que em 1985 Beto Zini fosse o presidente representando o mesmo grupo e dando sequência aos trabalhos, mas na hora de decidir não foi bem isso o que aconteceu. Leonel Martins, alegando o desejo dos sócios, não cumpriu o acordo, lançou-se candidato, e pela primeira vez de verdade o Bugre passaria por um processo eleitoral, pois inconformado com a decisão, Beto Zini se lançou como nome da oposição. Vocês observaram bem que pela primeira vez se fala em situação e oposição nesta história?

Resultado: Leonel ganhou a eleição, mas o Bugre perdeu algo muito importante para ser o gigante que era, perdeu a união.

E neste período de dois anos, duração do mandato da diretoria até então, o Bugre mais uma vez seria, dentro de campo, o Gigante do Interior. Logo no primeiro ano, em 1986 veio a campanha sensacional da equipe comandada por Carlos Gainete Filho, tendo José Carlos Hernandez como homem do futebol e um Guarani, dentro de campo, mágico, reconhecidamente o melhor time daquela competição, mas por uma questão de regulamento, auxiliado por uma mancha que jamais deve ser retirada da nossa história, a atuação do árbitro José de Assis Aragão, terminou vice-campeão perdendo nas penalidades o bi campeonato Nacional. Dá para esquecer a dupla de ataque formada pelos dois pratas da casa João Paulo e Evair ou do goleiro Sergio Nery? Também não dá para esquecer de Zé Mario, Ricardo Rocha, Wagner, Tite, Tozin, Boiadeiro, Catatau e tantos outros craques.

Foi nesta época que surgiu também um outro problema na história Bugrina, a Rede Globo de Televisão. Os mais jovens não vão saber e muitos dos mais experientes saberão, mas muitos outros também desconhecerão. Foi o Guarani, em 1986, o primeiro clube de futebol a exigir pagamento de direitos de transmissão de uma partida de futebol. Até aquele momento da final contra o São Paulo, a emissora que quisesse se cadastrava, ia até os estádios e transmitia a partida com sua equipe e equipamentos, mas o Bugre exigiu que a Rede Globo pagasse para transmitir a partida e diante da negação da emissora, cedeu os direitos de transmissão para a Estatal TV Cultura e a concorrente TV Manchete. Esta é a única final de Campeonato Brasileiro que não faz parte dos arquivos da toda poderosa Rede Globo e isso também custaria caro ao Bugre, mas também custa caro até hoje à emissora que tem dificuldades para ilustrar aquela decisão em vídeos, e para azar da Globo esta é reconhecidamente a MAIOR FINAL da história do Brasileirão, infelizmente perdemos nos detalhes.

Logo no ano seguinte, em 1987, surge o grupo chamado União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro, o Clube dos 13, comandado exatamente pelo presidente do São Paulo (que por coincidência hoje preside também a equipe da capital) Carlos Miguel Aidar, mas o tal grupo que pretendia contar com os maiores clubes do país deixou de fora seu atual vice-campeão e sétimo colocado no ranking de clubes da própria CBF. Esta, depois da perda da união política, seria outro fator determinante para muitos dos problemas atuais vividos pelo Guarani.

Olha o Bugre ai, disputando a segunda Libertadores da América da sua história, desta vez sem o mesmo brilho de 1979, mas presente na competição representando seu país!

Para surpresa do Brasil, a CBF anunciaria pouco depois que não tinha recursos para organizar o Campeonato Brasileiro de 1987, amparada nisso surgiu a Copa União, uma competição organizada pelo Clube dos 13 e disputada por 20 equipes, que, além dos seus 13 integrantes só contava com clubes de capitais estaduais. Prevendo que perderia o controle do futebol nacional para aquela entidade recém criada a CBF volta atrás e anuncia que organizaria sim o Campeonato Brasileiro, mas acataria a formula e divisão de grupos decidida pelo C13. Eis a primeira grande crise do futebol nacional, pois o voto na época era por peso, e o Bugre, vice-campeão tinha direito a grande representatividade e apoiou a vitória da decisão da CBF determinando a realização de um quadrangular final envolvendo os campeões e vices dos módulos verde (de onde viriam Flamengo e Internacional-RS) e do módulo amarelo (de onde viriam Guarani e Sport-PE).

Isso mesmo, em decisão inédita do futebol mundial, o atual vice-campeão nacional não disputaria o grupo de elite do próximo campeonato nacional, mas o Bugre tinha uma máquina de jogar futebol, a base era praticamente a mesma da temporada anterior e chegamos à decisão do nosso módulo contra o Sport, no jogo que não acabou, pois uma interminável série de cobranças de penalidades foi interrompida quando estava empatada diante de uma enorme confusão e a primeira decisão era que Sport e Guarani dividiriam o título do modulo amarelo e seguiriam para o quadrangular contra Flamengo e Internacional.

Vamos dar uma paradinha rápida na memória futebolística e falar de bastidores? Lembram-se do racha político surgido em 1985? Pois é, antes das finais do Brasileiro de 1987 o Bugre passaria pelo seu segundo, e até hoje o maior, processo eleitoral de sua história e como opositor, Luiz Roberto Zini vence Leonel Martins de Oliveira e torna-se presidente do Guarani. O caminho aparentemente natural de continuarem trabalhando pelo clube não é adotado pelo grupo derrotado, pelo contrário, praticamente todos deixam os bastidores do clube, e claro, como vemos nos dias atuais, o único perdedor é o próprio clube.

Voltando ao campo, o novo presidente Bugrino decide abrir mão do título do módulo amarelo e a CBF imediatamente declara Sport como único campeão, o que mudaria pouco para a sequência da decisão. Porem, apoiados pelo Clube dos 13, já em 1988 e com o Guarani presidido por Luiz Roberto Zini e comandado por José Luiz Carbone, tanto Flamengo como Internacional se recusam a entrar em campo no cruzamento e, por WO, Guarani e Sport vencem suas partidas, classificando-se para a final do Campeonato Brasileiro.

Alias, corrigindo uma informação que acabei de trazer, esta foi a segunda decisão de Campeonato Brasileiro não transmitida pela Rede Globo, pois como principal mentora e apoiadora da criação do Clube dos 13 a emissora considerava a decisão do módulo verde a final do Brasileiro. Desta vez foi o SBT, ainda em início de atividades quem transmitiria Sport x Guarani, decisão que, depois de um empate por 1×1 no Brinco de Ouro e uma vitória por 1×0 do Sport no Recife, consagrou o Sport como Campeão Brasileiro de 1987 e garantiu a equipe pernambucana e o Guarani como os representantes do país na Taça Libertadores da América de 1988.

E se começou com uma decisão de título brasileiro, o Bugre encerraria a primeira metade do calendário esportivo disputando mais uma decisão, desta vez a final do Campeonato Paulista, tendo como uma das principais estrelas a jovem revelação das categorias de base, um certo Neto, já conhecido por disputar Mundiais de base e uma Olimpíada pela Seleção Brasileira, agora exercendo papel de protagonista no time titular. Era um talento sensacional, mantendo a altura do maior celeiro de jogadores do futebol brasileiro.

Detalhe, durante a disputa do Paulistão o Guarani disputou a terceira Libertadores da America da sua história.

Mas o time de 1988 já mostrava que algo havia mudado, da equipe titular finalista do Paulistão apenas quatro jogadores eram pratas da casa, além de Neto, permaneciam no time Sergio Nery, João Paulo e Evair. Nesta partida outro jogador revelado na base entraria no decorrer do jogo, o atacante Mario Maguila que substituiria Barbieri (e não vou entrar na polêmica história da briga nos vestiários que teria envolvido Barbieri e Neto).

É, o Bugre mostrava que ainda se mantinha entre os grandes clubes do Brasil, mas dentro de campo as coisas começavam a ficar mais difíceis a partir de 1988, pois o recém criado Clube dos 13 já começava a “dopar” seus integrantes financeiramente dividindo gordas e polpudas cotas de transmissão e o Bugre, fora da festa, cada dia mais esgotava seus recursos negociando atletas da base cada dia mais cedo e contratando jogadores cada vez mais caros. Ao final daquele ano a equipe encerraria o Brasileirão sem conseguir avançar as quartas de final da competição e o pior viria pouco depois, já no ano seguinte.

Em 1989, depois de ser eliminado pelo São Paulo nas quartas de final do Paulistão, o segundo semestre não foi nada bom para o Guarani que começava a mostrar outra grande característica da gestão Beto Zini, as constantes trocas de treinadores do time profissional.

Fazendo um Campeonato Brasileiro muito ruim, muito abaixo das expectativas e tradições, o Bugre melancolicamente se despede da Série A derrotado pelo Atlético Paranaense por 4×1 no “Torneio da Morte” e conhecia ali o primeiro rebaixamento de sua história. O Gigante do Interior teria que jogar a Série B do Campeonato Brasileiro em 1990, para perplexidade de sua Torcida, mas com a certeza de conquistar o acesso já na temporada seguinte e voltar ao seu lugar entre os grandes do país.

Conclusão

O que mudou? A arrecadação social já não era mais a mesma, mas a estrutura ainda era. Só que o Guarani começava a dar mostras de algo que os mais jovens desconhecem e muitos na época não enxergavam, deixava de revelar jogadores de qualidade incontestável, deixava de usá-los por duas ou três temporadas no time titular e passava a disputar com os chamados clubes grandes, e contratar jogadores no mercado por valores altos e promessas de salários igualmente altos para a época.

Outro problema, os treinadores não tinham mais tempo para dar sequência aos seus trabalhos, senão vejamos: Apenas em 1989 o Bugre foi comandado interinamente por Lino Fachini Junior (preparador físico), depois Dimas Monteiro (ídolo e preparador de goleiros), Evaristo de Macedo, voltou a ser comandado interinamente por Dimas Monteiro, depois passou a ser comandado por Marinho Perez, voltou a ser comandado interinamente por Dimas Monteiro e terminou rebaixado para a Série B comandado por Cilinho.

Mais ainda, a equipe que disputou a última partida do Brasileiro contra o Atlético-PR teve a seguinte escalação: Sérgio Neri, Valmir, Cassus, Pereira e Robinson; Aírton, Hélcio e Cristóvão (Pedrinho Maradona); Tato, Vânder e Cilinho. Destes, Cassus é irmão do zagueiro Julio Cesar, ambos foram revelados pelas categorias de base do Bugre e Sergio Nery eram os únicos pratas da casa.

Outro detalhe, neste curto período jogadores já de grande destaque no futebol brasileiro foram negociados pelo Guarani como por exemplo Ricardo Rocha e os pratas da casa Neto e a dupla de ataque João Paulo e Evair que saíram para o centro do futebol europeu na época, a Itália, porem, gastando cada vez mais na contratação de jogadores e de treinadores, o time duas vezes vice-campeão Brasileiro seguidas e vice-campeão Paulista não teria sido suficiente para manter os cofres cheios.

Paramos por aqui, vamos reencontrar o Bugre em 1990 jogando a Série B do Campeonato Brasileiro e vamos falar de um dos nossos maiores orgulhos da década de 1990, a revelação de Amoroso, que ao lado de Djalminha e do também prata da casa Luisão fariam história no Clube. E ainda temos Edilson, Edu Lima e outros atletas como o zagueiro Pereira, que já estava no Bugre nos últimos relatos deste capítulo.

Só lembrando que não vamos aqui discutir pessoas, vamos tentar achar nossos erros, para quem sabe, a partir deles, buscar um novo caminho, ok?

Marcos Ortiz
Planeta Guarani

14 comentários sobre “Na vitoria ou na derrota – A passagem do bastão – Parte 02/08

  1. Ortiz,

    Parabéns mais uma vez, texto excelente….
    Para recordar, lembro do jogo entre Guarani e Flamengo no maracanã em 85 onde o Valdir Perez defendeu 3 cobranças de penaltis num jogo eletrizante onde só a vitória interessava ao Bugre, final 2×1 para o Guarani e eliminamos o todo poderoso Flamengo em pleno maracanã.

    Um abraço e feliz ano novo.

    1. Nossa, sensacional Marcelão, lembro bem, e o danado do juiz mandava voltar, mandava voltar.. e ele ia lá e pegava. Que jogo, que época, que Guarani!

      Abraços

      Marcos Ortiz

  2. Apenas uma correção, Ortiz: Pedrinho Maradona não foi prata da casa, veio do Atlético-PR, naquela escalação citada, além do Cassus, tinha o goleiraço Sérgio Néri

  3. …terminando….não sabia dessa história de venda dos direitos de transmissão. Mais um motivo (talvez o principal) para o Guarani estar fora do Clube dos Treze. Obviamente a Globo interferiu e assim, sem nós sabermos, o Guarani ia ano a ano perdendo força para os grandes.

  4. Ortiz meu caro, vocação é vocação…
    Você nasceu pra isso, parabéns pela forma como consegue contar a história e nos transportar para ela.
    Falando das quartas do Paulistão de 89, me lembro de acompanhar ao vivo pela TV, eu morava no Guarujá, cidade onde um ano antes me tornei Bugrino, mas foi nesse jogo contra o São Paulo que dei meus primeiros berros e cambalhotas, Tozin de voleio e o cabeceio de Cassus fizeram minhas veias ferverem e entrar pro Rol daqueles que tem o Sangue INDISCUTIVELMENTE Verde!

    1. Rodrigo Brasileiro…..interessante. Neste jogo contra o São Paulo, 89, estava lá, no meio da Guerreiros, tobogã, com a faixa da Bugrinos da Capital estendida ao lado, devido nossa ótima relação. Neste jogo, sábado acho, um calorão, não só eu como toda torcida estava quieta, travada. A comemoração foi contida, mesmo com aquele golaço do Tosin, que da visão tobogã pareceu mais bonito ainda. Sabe aquele dia que vc vê jogo achando que não vai terminar bem? Tentávamos puxar gritos, mas não duravam muito. Ninguém parecia empolgado. Fiquei preocupado, mesmo em vantagem 2 vezes. Nesse dia o sexto sentido funcionou e infelizmente fomos eliminados.

  5. Ortiz, parabéns pela brilhante matéria.

    Na minha opinião as categorias de base decaíram muito após a saída do Pupo Gimenez.

    Tendo ele ido para o São Paulo, não ganhamos mais nada, e o São Paulo….

  6. muita coisa que eu não sabia…racha que derrubou o gigante, infelizmente. E somente nós bugrinos podemos fazer voltar o bugre ao que era. Faço um apelo, socios não se deixem levar pelo revanchismo, pela fofoca, pela mentira. a união é que faz a força…..

  7. Ortiz, muito triste essa segunda parte da sua série de matérias. Você relamente escreve bem, e faz a gente voltar no tempo. Essa segunda matéria, é a que mostra a época primordial da destruição do Gaurani, pelas instituições poderosas/invejosas (Globo/CBF), e a consequente auto destruição interna bugrina.

  8. Que relato fantastico. Desconhecia esse episodio envolvendo a rede de tv mais PODRE do pais. Essa corja (globo/cbf) e os caprichos de certos dirigentes destruiram nosso clube…
    No ano de 89 contratamos Pita, Washington,Cristovao,Marcos Roberto,Joao Leite mas o time nao se acertava… Que agonia era pra ganhar um jogo. Estava no brnco nas derrotas para os gambas(3×1), para o inter (1×0) e na vitoria contra o botafogo(2×0).Melancolicamente, assisti meu grande clube cair pela primeira vez..

  9. Olá, sou saopaulino e assisti muitos jogos na década de 80/90 na torcida do bugre por não ter mais lugar na do São Paulo. Bons tempos para ambos os times que comandavam os campeonatos. Confesso que ia ressabiado, com certo medo de tomarmos uma lavada. Mas confesso que vi grandes vitórias do tricolor também, mas sempre bons jogos. Triste ver o bugre assim, mas não deixem essa paixão morrer!

  10. Marcoz Ortiz, o que lembro bem dessa época foi a excelente safra que foi Campeão Paulista de Aspirantes 1988.Chegava antes no estádio para ver o time aspirantes passear nos adversários.

    Acho que o momento que viveu o clube na época foi determinante para apostar na base ou esquecer momentaneamente dela.

    Toni foi para o São José e foi vice Campeão Paulista de 1989 e um dos artilheiros do Campeonato.

    Júnior, Zé Rubens, Mario Maguila, Mauro Silva, Gil Baiano, formaram a base Campeão pelo Bragantino em 1990 e vice Brasileiro de 1991.

    Sem contar que tinha atletas no elenco principal jovens como Pedrinho Maradona, Vagner Mancine, Careca Bianchesi, Cilinho, Neto,Tosin, Valmir, João Paulo etc…

    O Campeonato Brasileiro de 1988, começamos bem o campeonato com 4 vitórias e 3 empates, chegamos até liderar a competição.

    Mas o divisor de águas acho que foi a derrota humilhante para o Flamengo de Zico por 5×1 e depois perdemos por 1×0 para Portuguesa. Se for analisar essas derrotas hoje, foram até que normais pois esses times tinham seleções no elenco.

    http://futpedia.globo.com/campeonato/campeonato-brasileiro/1988/10/30/portuguesa-1-x-0-guarani

    http://futpedia.globo.com/campeonato/campeonato-brasileiro/1988/10/23/guarani-1-x-5-flamengo

    Lembro na época que essa derrota humilhante para o Flamengo abalou bastante a equipe, pois o elenco era muito jovem e promissor a equipe tinha muitos atletas jovens e poucos veteranos Vagner Bacharel e Boiadeiro amadurecendo.

    A pressão era enorme por títulos, tanto da imprensa, torcedor e diretoria pois vinhamos do (quase) vice Brasileiro de 86 e 87 e Paulista de 88. Não houve paciência para amadurecer essas jovens promessas, pois o título era o foco, e faltou mesclar o elenco com jogadores mais rodados para dar suporte aos jovens.

    O Bugre terminou o Brasileiro de 1988 no meio da tabela. Acho que foi neste período que se começou a deixar um pouco de lado a base, pois a curto prazo somente atletas já tarimbados poderiam resolver de imediato.

    Era 8 ou 80.

    No ano seguinte Guarani foi buscar atletas mais rodados, Pereira(único que deu certo), Tato, Whashington, Cristóvão, Pita. Não deu certo pois alguns já estavam em fim de carreira.

    Acho que faltou uma pitada de sorte, depois de quebrar a cara com veteranos apostou no técnico Cilinho que revelou os menudos do Morumbi.

    Ele até que tentou investir em jogadores jovens, lançou os atacantes Vânder e Helcinho. Mas acabou na repescagem do Paulista de 1990 e por sorte o Beto Zini olhou o tabelão da revista Placar de artilheiros dos regionais e viu o atacante Rúbem e o contratou, marcando diversos gols e tirando o time da degola.

    Novamente a base foi deixado de lado, pois a questão era imediata sair da segunda divisão do brasileiro. Ficou no quase, empatamos com o Sport em casa, num jogo que a arbitragem amarrou o jogo e irritou a torcida bugrina.

    Quem não se lembra do juiz quase apanhando e o Beto Zini quase caindo no fosso?

    https://www.youtube.com/watch?v=jYttFjTRKwc

    No ano seguinte o foco era subir, a base foi deixado de lado para dar lugar a veteranos como Biro-Biro e Edsom Abobrão e deu certo!!!

    No Paulista chegou o Vanderlei Luxemburgo, técnico inovador na preparação física com o Bragantino Campeão em 1990. Era um técnico vencedor mas muito rígido na disciplina. Afastou uma jovem promessa Kito de 18anos.

    Criou polêmicas ao substituir o volante Valdeir e Flávio que veio do São Paulo, que ao ser substituído, tirou a camisa e foi expulso.

    Era um técnico ainda amadurecendo na profissão, lembro quando foi demitindo saiu disparando para todos os lados.

    Resumindo:

    Acho que foram imediatismo que fizeram que o Bugre deixasse a base de lado em determinados momentos.

    Outro erro foi formar atletas e quando os frutos ficarem maduros venderem para os concorrentes, não se aproveitando de um atleta experiente com identificação com o clube. Ao contrário de trazer atletas já maduros sem identificação com o clube.

    Fizemos atletas para ser campeões em outros clubes. O São Paulo por exemplo, forma atletas mas vende para o exterior e não abastecer o concorrente. Careca e Edílson, por exemplo ajudaram os concorrentes a serem campeões em 86 e 94.

    1. Quanta lembrança boa né Antonio? Esse foi o grande barato de escrever esta série, acabei revivendo tudo isso…

      Saudades, tomara que um dia cheguemos ao menos perto daquilo.

      Grande abraço

      Marcos Ortiz

      1. Sem dúvida Marcos Ortiz, dá muita saudade desse tempo em que o Bugre era temido.

        Lembro que na final de 86, mesmo o time vencendo na prorrogação, o time não prendia a bola jogava sempre um futebol bonito, pra frente, era um futebol romântico. Isso pode ter custado, ter dado chance do São Paulo empatar.

        Do time de 88, tenho a lembrança de um comentário do Juarez Soares que parecia um time de seminário, não fazia faltas matando jogadas, só procurava jogar bola.

        O time era tecnicamente superior ao Corinthians, mas o jogo final, foi nervoso e truncado, esse detalhe favoreceu o time tecnicamente inferior.

        Acredito que são pequenos detalhes que podem fazer uma diferença numa final.

        Observe que times grandes só contratam técnicos já amadurecidos no futebol e de ponta, pois estes já conhecem melhor os atalhos para ganhar títulos e menor chance de errar.

        Acredito que isso faz diferença. quando o Eli Carlos subiu do aspirante para o time de cima, havia muitos palpiteiros.

        O Luxemburgo quando chegou era um técnico em ascensão e ainda amadurecendo.

        O Vadão quando chegou também estava amadurecendo com o sucesso do carrossel caipira e teve dificuldades de domar o Djalminha.

        Quando o técnico tem nome forte e ganha uma fortuna, jogador cobra criada respeita. Por que se for bonzinho, o jogador é que vai querer mandar no pedaço e escalar o time. É como fosse um chefe que ganha menos que o subordinado, ninguém respeita.

        Acredito que chegar no topo com a política bom e barato, pode até conseguir, mas se manter no topo por muito tempo custa caro ou dá uma margem de erro pequena.
        Grande abraço!

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