Você sabe o que é uma SAF? SAF significa receber investimento imediato?
Depois de muito tempo, mas muito tempo mesmo, volto a escrever aqui no portal Planeta Guarani. Atualmente nosso meio de comunicação passou a ser a Rádio Web, onde diariamente falamos ao menos 3 horas ao vivo sobre o Bugre.
Prometo tentar trazer de volta as postagens, dentro do possível, mas quero conversar com todos vocês sobre um tema que tem tomado conta dos debates entre Bugrinos, a SAF.
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Quem nos ouve diariamente já recebeu essa informação há algum tempo, e vem, constantemente, recebendo. É preciso esclarecer primeiro o que é uma SAF.
SAF (Sociedade Anônima de Futebol) é uma modalidade criada no Brasil pela Lei Federal 14193/21 que permite aos clubes mudarem de entidades civis associativas para empresas de Sociedade Anônima de capital aberto.
E o que muda, num primeiro momento? Apenas isso, o clube que se transforma em SAF, transforma seu Futebol (apenas o futebol) em uma empresa. Digo isso para esclarecer um equívoco praticado por muitos: Virar SAF não significa transformação imediata da realidade financeira de uma equipe de futebol.
Mas por que então a maioria dos clubes que aderiram ao modelo recebem praticamente imediatamente aporte de valores? Simples, a maioria dos clubes que se tornaram SAF o fizeram mediante uma proposta de investimento imediato, que na verdade vem pela aquisição por terceiro (Empresa, Grupo Financeiro ou Investidor) em adquirir participação (via de regra majoritária) , nas ações da SAF.
Um exemplo simples do contrário, o Novorizontino. Em 23 de dezembro de 2023 o clube aderiu ao modelo. Porém, até o presente momento, nenhum grupo investidor adquiriu o controle da SAF criada, então o que mudou foi apenas que, a parte social do clube, hoje é separada do Departamento de Futebol, este uma SAF chamada Novorizontino SAF, mas o controle e a gestão pertencem ao clube.
O Guarani FC, através do Presidente do Conselho Deliberativo, em conjunto com o Conselho de Administração, convoca para o próximo dia 10/12 uma reunião do seu Conselho Deliberativo para tratar de uma proposta de mudança estatutária. O principal foco desta mudança, claro, além de uma adaptação em normas do atual estatuto social que podem passar a permitir até a prática de nepotismo, que é a contratação de parentes, a remuneração de Conselheiros de Administração eleitos, e a permissão para que Conselheiros possam prestar serviços remunerados ao clube, sem polêmicas, é a autorização para que o Guarani FC transforme seu futebol em SAF.
Sobre a autorização para o nepotismo, remuneração de eleitos e prestação de serviços remunerados, a sugestão é que a prática, vedada em todas as entidades sérias, seja permitida, mediante aprovação do Conselho Deliberativo.
Entre outras coisas, preciso esclarecer a todos: O Guarani não precisa de uma mudança estatutária para poder se transformar em SAF. Em reunião do Conselho Deliberativo anterior e também em Assembleia Geral de Associados, o clube já obteve aprovação para elaborar estudos visando a transformação da entidade em Sociedade Anônima de Futebol. Foi a partir desta aprovação que o clube evoluiu para o processo de Recuperação Judicial, que nada mais é do que acenar ao mercado dizendo que o Guarani está sanando suas dívidas para permitir que uma gestão em forma de SAF seja facilitada.
Mas por que então, o movimento acontece neste momento? Confesso que também não entendo. Qualquer empresa que planeje uma venda de parte (e no caso do futebol, a principal parte) de seus departamentos, primeiro tentaria se valorizar no mercado, mostrar pujança, uma posição de liderança ou de boa exposição na sua área de atuação, para então poder atrair investidores importantes para um produto valorizado.
O Guarani faz o inverso, propõe se tornar SAF exatamente num momento em que seu produto, o futebol, se torna mais vulnerável, imediatamente após um rebaixamento da segunda para a terceira divisão do futebol nacional.
E mais ainda, o Guarani propõe uma mudança de sistema para SAF sem apresentar sequer uma proposta de potencial interessado em adquirir suas ações.
Deixo claro, entendo que as SAFs serão inevitáveis aos clubes que pretendem se recolocar no cenário esportivo, e entre eles, está o Guarani. Infelizmente as más gestões, as práticas pouco profissionais dos dirigentes despreparados, e que contam com a anuência dos Conselhos (Deliberativo e Fiscal), criados exatamente para atuarem como fiscais da gestão, mas que, na maioria das vezes, atuam como extensão da ideologia empregada pela gestão, levarão os clubes à negociação do seu produto, o futebol. É uma espécie de terceirização, porém onde o terceiro se torna controlador do negócio.
A questão principal é: O Guarani precisa mudar imediatamente seu Estatuto Social para se transformar em SAF? Não… e não precisa, exatamente porque o clube hoje tem uma autorização pra desenvolver todos os estudos necessários e adotar as medidas necessárias para viabilizar a mudança de sistema.
E a mensagem final é inevitável: Ao se tornar SAF, o Torcedor do Guarani não verá, imediatamente, seu clube receber investimentos, porque, ao contrário da maioria dos demais, não apresenta tal proposta já embasada num modelo de negócio, ou proposta formal apresentada. Ou ao menos, não temos conhecimento de tal proposta…
Repito, para se tornar SAF, o Guarani não precisa de uma reforma estatutária neste momento, e o que se apresenta na proposta de mudança estatutária é algo muito parecido ao que deveria constar do “Caderno de Condições, Valores e Negócios”, que deveria ser elaborado pelos gestores do clube para ser entregue a qualquer potencial interessado em adquirir participação ou controle na sua SAF.
Marcos Ortiz