Santos 4×1 Guarani – Bugre pode evitar falência financeira, mas se aproxima da falência esportiva
Tudo está muito bonitinho no Guarani. Sede social, estádio, todos pintados, arrumados, bem conservados. Vestiários reformados, bar temático inaugurado, piscinas limpas, enfim, quem passa pela rua tem a impressão de uma casa bem cuidada.
Comissão técnica bonitinha, quase 30 integrantes, uniformes sendo lançados, camisas à venda, loja repaginada, tudo muito bonitinho.
Representante Exclusivo para Campinas e Região - Clique e fale com o Roger
Discurso de austeridade financeira, de responsabilidade, de revolta por conta de tudo o que aconteceu no clube nos últimos 30 anos, endividamento, não pagamento de impostos, tributos, salários, empréstimos, em fim, tudo muito bonitinho, serão cera de 10 anos pra pagar, ao menos é o planejado no processo de recuperação judicial pelo qual o clube passa, isso tudo pra evitar a falência financeira.
Guarani FUTEBOL Clube, fundado em 02 de abril de 1911 somente porque alguns jovens queriam jogar futebol. Eles não tinham piscinas, estádio, camarotes, fachada iluminada com led, eles mal tinham uma bola pra jogar. Uniformes? Cada um lavava o seu, e assim se construiu a história que todos nós conhecemos.
A derrota para o Santos na última noite é só mais um capítulo da falência desportiva pela qual passa o Bugre. Nada é coincidência, no início de 2023 começou o trâmite para aprovação da recuperação judicial, e pouco depois, em setembro, chegou a falência desportiva.
Nós vamos ver profissionais chegarem e saírem, mas o Guarani está se transformando numa máquina de moer gente. Treinadores serão cada vez mais dispensados, cargos serão criados, executivos contratados, jogadores virão e irão, e a máquina seguirá moendo gente, principalmente a gente, porque a gente não tem pra onde ir, a gente fica, a gente é Torcedor.
Passos devem ser medidos e pensados, os mais velhos criaram a frase “onde a perna alcança”, mas a responsabilidade administrativa imposta no Guarani FC levou o Bugre ao seu limite, a perna não alcançou, faltou, e faltou muito.
E como sair desta situação? Não vejo luz. Vejo pessoas distantes dos anseios dos Torcedores mantendo seus discursos, contratando mais e mais gente pra tentar fazer aquilo que eles não sabem fazer, mas contrataram quando não era mais possível contratar o principal, JOGADORES.
O Guarani fez suas apostas, e está perdendo feio. O elenco é abaixo da linha da miséria, goleiro falha, lateral que briga com a imprensa falha, zagueiro falha, volante falha, meia falha, todo jogo tem um novo capítulo. A cada rodada vemos escalações contestáveis, temos a inexplicável entrada de Marlon em detrimento dos jovens, ou revelados, ou recém contratados, casos de Rafael, Paraizo e Renyer. Entra treinador, sai treinador e o círculo vicioso não acaba.
Torcedores se degladiam pelas redes sociais, alguns culpam Camacho, outros culpam Ryan, outros Matheus Bueno, Luan Dias, Airton, passam por Diogo Mateus, Lucas Adell, Douglas Borges, mas não percebem que o problema é crônico, é o sintoma da falência desportiva. Dinheiro não joga bola, dirão alguns. E não joga mesmo, mas contrata jogador que joga melhor, ou joga pior…
Presidente e seus pares de CA, junto ao CEO eleito, e muita gente que acha bonitinho ver tudo pintadinho, arrumadinho e as contas em dia, certamente estão orgulhosos, o Guarani vai pagar o que deve (será?). Eles, na maioria, tem dinheiro para pagar viagens, juntar um grupo de 10 amigos e seguir o Guarani na Série C, ou Série D da vida, fazendo turismo, experimentando pratos regionais e conhecendo novos costumes. Enquanto houver Série pra jogar, vamos lá…
3 jogos, 3 derrotas, uma defesa que parece uma peneira, um ataque que não faz cócegas em ninguém. Em 2024 são 15 jogos, 2 míseras vitórias e 9 derrotas, e eu vou parar por aqui pra não aumentar a vergonha trazendo a reta final da Série B pra conta.
Mas o grupo é bom, dizem os entendidos… por que é que o Torcedor não consegue enxergar isso então? Simples, Torcedor torce pra bola entrar, não pra pagar contas…
Seguimos, porque a gente só pode torcer. Até quando, eu não sei.
Marcos Ortiz